A “balbúrdia” nas universidade públicas não para. Desta vez, estudantes de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e da Universidade Federal de Lavras – UFLA criaram algo que pode dar fim aos rejeitos de minério que são utilizados para a construção de barragens como as de Brumadinho, que se romperam e causaram destruição e centenas de mortes.
Na UFMG, o projeto foi desenvolvido através de pesquisa que trata de tijolos feitos com material tóxico, coletado em barragens de minério. A extração dos resíduos é seguida pela transformação da lama em pó, em um processo chamado de “calcinação”.
“A lama calcinada entra no forno e perde água. A calcinação faz ela [a lama] perder toda a água e ela [a lama] passa a ter o que a gente chama na engenharia de uma grande superfície específica para agarrar quem tá junto dela, então, ela também é um ligante, ela passa a ser um cimento e um pigmento”, explica o engenheiro da UFMG Evandro Moraes da Gama para reportagem da TV Globo.
Outro material sólido também é extraído dos rejeitos, o chamado “estéreis” que é direcionado para o desenvolvimento de estadas.
Na UFLA, a pesquisa segue o mesmo propósito; desenvolver tijolos com rejeitos de minério, no entanto, o processo é um pouco diferente da extração feita por engenheiros na UFMG. Neste processo, os resíduos com terra, cimento e água são misturados dentro de uma prensa e formam blocos, telhas e pisos ecologicamente corretos.
“Ele é duplamente ecológico, primeira porque estamos utilizando um resíduo em substituição ao material que é mais caro. O outro ponto de vista de ser ecológico é com relação ao processo de queima, a gente não precisa realizar a queima desse tijolo como é visto no tijolo convencional”, disse o doutorando em engenharia de biomateriais, Alan Pereira Vilela.
Ambos os tijolos feitos na UFMG e na UFLA conseguem diminuir em até 30% os custos na construção de casas. A eficiência e a segurança desse material já foi comprovada e já é utilizado em países como a França e os EUA. No Brasil, as pesquisas começaram há algum tempo, sendo pioneiras as universidades públicas. Segundo um professor da UFMG, nenhuma empresa havia procurado patentear o projeto até a exibição da reportagem que foi ao ar em 2019, na TV Globo.
Projetos como esse são essenciais para o desenvolvimento urbano e social e podem, em carácter preventivo, evitar acidentes como os de Mariana e Brumadinho, se considerar que os rejeitos pudessem ser encaminhados para grandes fábricas de produção de tijolos ecológicos e econômicos.