Uma discussão que ganhou o Twitter nesta semana, é sobre se e-sports devem ser assunto no Ministério dos Esportes ou não. A troca de ideias começou após a Ministra dos Esportes do Governo Lula, Ana Moser, afirmar que e-sports, na opinião dela, não se trata de esporte, e portanto, não deve ser discutido no ministério.
Para a ministra, a modalidade se encaixa mais em “entretenimento” do que um esporte de fato. Se e-sports são ou não um esporte, é assunto para outra discussão.
Mas se tratando de pauta para o Ministério dos Esportes, a ministra está correta. E-sports devem ser tratados no Ministério da Ciência e Tecnologia.
E não, isso não é uma afirmação ideológica. Comecemos a imaginar o que é necessário para que uma arena de e-sports forneça um campeonato.
E por qual razão defendemos isso?
Em primeiro plano, precisamos de computadores com poder computacional diferenciado e equivalentes. Ou seja, cada jogador deve competir de igual utilizando recursos totalmente equivalentes. E isso é tecnologia.
A montagem, o fornecimento e a fiscalização do poder computacional desses equipamentos, é uma tarefa que depende de profissionais que atuam nesse segmento.
Outro ponto importante, se trata do fornecimento de internet, que também exige profissionais qualificados para mater uma latência equivalente e suficiente para que os jogos aconteçam sem interrupções.
Tudo que vai contra isso, é uma espécie de “doping”. Se existe algum jogador em uma arena que possui um computador diferente em algum dos critérios, possui uma internet mais lenta e recursos inferiores aos outros jogadores, está sendo prejudicado.
E se houver fomento por parte do Governo para a prática de e-sports, a pasta deve fiscalizar as arenas, assim como os computadores, os fornecedores e toda a estrutura, para garantir que ninguém se beneficie e que o fomento seja destinado em partidas justas.
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Sobre as desenvolvedoras de Games
Outro assunto que deve ser importante caso exista fomento do governo no setor, é sobre as desenvolvedoras de jogos.
Quando o Governo Federal decide investir em algum segmento, ele precisa garantir que os envolvidos não trapacem. Não seria atribuição do Ministério dos Esportes fiscalizar desenvolvadoras de games.
O correto seria uma secretaria no Ministério da Ciência e Tecnologia especificamente para tratar disso. Essa secretaria utilizaria a estrutura do ministério para cobrar das desenvolvedoras, relatórios frequentes sobre a equivalência de desempenho dos jogos fornecidos e competitivos.
“Ah, mas também existe tecnologia em modalidades olímpicas”
Sim, o esporte hoje é dotado de tecnologia. Mas os esportes em geral, não foram fundados por uma estrutura tecnológica e só passaram a “depender” da tecnologia, para melhorar a precisão na coleta de dados e na automatização das partidas.
Os jogos de e-sports vão na contramão disso. Eles nasceram da tecnologia e dependem dela para que as partidas sejam justas. O que requer notório saber tecnológico, científico e, sobretudo, de otimização computacional.
É por isso que, notadamente, o e-sports é uma modalidade, se de esporte ou não, que não sobevive sem a tecnologia. E tecnologia é ciência. E, portanto, o correto seria que o assunto seja pauta do Ministério da Ciência e Tecnologia, ao menos na nossa opinião.